quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ainda sobre mulheres no cordel



Mulheres poetas
1
Dalinha, vou aceitar
Seu convite pra cantar
Cantaremos as mulheres
Em seus cordéis a fiar
Na peleja também tem
Mulher a desafiar

2
No Ceará conhecemos
As mulheres cordelistas
Publicando seus folhetos
Começando a dar nas vistas
Rimando com maestria
Nunca perdendo as pistas

3
Os poetas reconhecem
Sua métrica e sua rima
Aperfeiçoando os versos
Que ninguém subestima
E recebendo o apoio
Dos poetas lá de cima

4
Você sabia, Dalinha
Que Altino era alcunha?
De uma mulher de valor...
Que sequer pintava unha
Pintava mesmo era verso,
Sem pudor e sem mumunha?

5
Alargando os espaços
Construindo oração
Aprimorado os versos
Com amor no coração
Descobri os pseudônimos
Com orgulho e emoção

6
Crato hoje é celeiro
Das mulheres cordelistas
Preparando os seus versos
Arrumando suas listas
Cordelando muitos temas
Provando que são artistas


7
Quando Leandro criou
Sua velha sergipana
Que desafiava homens
Na mansão ou na cabana...
Ele inventou a peleja.
Disso, ninguém se engana.
8
Vinha não sei se era
De Sergipe ou de Canudo
A verdade é que deixou
Nosso Leandro iracudo!
Nunca pensou que um dia
Receberia cascudo

9
Aquela velha danada
Se dizia araripana,
Mas Leandro apostou
Achou que seria bacana
Peleja com uma mulher
Mesmo sendo sergipana.
10
Quem diria, miga Dalinha,
Q’eu uma peleja faria
Você me incentivando,
Tempos atrás, eu temia
Q’os poetas descobrissem
A tamanha ousadia!

(Maria Rosário Pinto)
Rio, 11 de julho 2010